domingo, 21 de setembro de 2008

Zoológico eleitoral brasileiro


Em outubro tem eleição,

Todo o Brasil tá sabendo.

Vamos prestar atenção

Em quem a gente tá elegendo.

Pois roubalheira e corrupção

É só o que estamos vendo.

Por isso, digo a vocês:

Para o candidato – Olhem direito!

Pois tem todo tipo de bicho:

Eles só querem dar um jeito

De se eleger, se vender ao sistema

E tratar o cidadão sem respeito.

Fico até me perguntando

Se isso é coisa certeira:

Associar os animais a

Essa gente trapaceira.

Mas minha poesia trabalha

Pra verdade verdadeira.

Por isso, peço licença

A todo o mundo animal

Pra fazer esse cordel

Mostrando a personalidade real

De muitos dos candidatos

Da disputa eleitoral.

Tem o candidato frango,

Que se diz novo no galinheiro.

Mas, eleito, “solta a franga”

E se revela um trambiqueiro:

Aliado do dono da fazenda,

Esquece seus amigos de poleiro.

Tem o candidato gato:

Vive se esfregando no eleitor.

Depois de eleito, é só leitinho,

Só quer cama e cobertor.

Pra os que lhe davam carinho,

Revela-se um traidor.

Tem o candidato macaco,

Que faz a “mó” graça pro eleitor.

Faz todo mundo sorrir

Com todo seu bom humor.

Mas quando chega ao poder,

Só quer um galho melhor.

Tem o candidato abelha:

Suas palavras são um mel.

Mas, depois de eleito,

Manda o eleitor pro beleléu.

Passa a distribuir ferroada

Pra aqueles que lhe achavam fiel.

Tem o candidato camaleão:

Você nunca sabe de que cor ele tá.

Numa eleição, está de um lado,

Na outra, do outro lado vai parar.

Muda conforme o dinheiro

Que em seu bolso vai entrar.

Tem o candidato gavião:

Que se considera o maioral.

Já não empolga nem assusta,

Mas não admite que está no final

De uma carreira feita de orgulho

E arrogância com o reino animal.

Tem o candidato papagaio,

Que toda palavra lhe é ensinada.

Não fala por si, não tem voz própria,

Apenas repete a frase falada.

Conquista o voto e chega ,

Esquece as promessas e não fala nada.

Tem o candidato avestruz:

Parece humilde, honesto e “fraco”.

Mas é só chegar no “bem-bom”,

Revela-se um forte velhaco.

E se lhe mostram a verdade,

Enfia a cabeça num buraco.

Tem o candidato cachorro

Que late muito protegendo o lar.

Mas logo depois de eleito,

Se jogam o filé, lá vai ele pegar.

Esquece todo o latido (digo, discurso),

Pois só quer mesmo é “se arrumar”.

Tem o candidato bem-te-vi

Que canta pra nele a gente votar.

Assobia pro eleitor “bem-te-vi”,

Quando o nosso voto quer ganhar.

Depois a música vira “nem-te-vi”,

Quando, no poder, já está.

Mas ninguém pode esquecer

Que é o bicho-homem que é eleito.

E é a ele que devemos cobrar

Cidadania, ética e respeito.

Não podemos ficar só esperando

O resultado do pleito.

Como um cantador vivido,

Digo sem tremer a voz:

O sistema eleitoral é cínico,

Enganador e atroz.

Para melhorar o mundo,

A resposta está em nós.